Reportagem especial: Psicólogo alerta para os riscos do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes

SAÚDE

O uso excessivo de celulares, tablets e outros dispositivos digitais por crianças e adolescentes tem se tornado uma das principais preocupações entre profissionais da saúde mental. De acordo com o psicólogo clínico Daniel Monteiro, a superexposição às telas compromete áreas fundamentais do desenvolvimento emocional e cognitivo, afetando diretamente a atenção, a linguagem e a capacidade de socialização.

“Crianças que passam muitas horas diante de telas tendem a apresentar dificuldades de socialização, empobrecimento do repertório simbólico e, em casos mais graves, traços ansiosos e sintomas depressivos”, afirma Daniel. Segundo ele, os prejuízos vão além do comportamento imediato, podendo impactar aspectos como a empatia, a tolerância à frustração e a capacidade de lidar com emoções difíceis.

Daniel observa que muitos pais sentem culpa ao impor limites, especialmente diante da resistência dos filhos. Porém, ele destaca que esse sentimento deve ser ressignificado como um sinal de cuidado e proteção. “A chave está em apresentar essas alternativas com presença, não como punição, mas como oportunidades de conexão e aprendizado”, orienta o psicólogo.

Entre as principais recomendações está a substituição gradual do tempo de tela por atividades offline, como brincadeiras livres, jogos de tabuleiro, leitura compartilhada, esportes e artes manuais. Tais experiências favorecem o desenvolvimento integral e reforçam os vínculos familiares.

Sinais de alerta sobre o uso abusivo incluem irritabilidade quando o uso das telas é interrompido, dificuldades para dormir, baixo rendimento escolar e isolamento social. Em casos mais graves, Monteiro explica que a criança pode demonstrar dependência emocional da tecnologia. “É comum escutar relatos de crianças que só ‘se acalmam’ com telas — um indicativo de que a tecnologia está ocupando o lugar da autorregulação emocional”, alerta.

Para evitar conflitos, ele defende a adoção de um modelo parental baseado na autoridade afetiva — que combina firmeza com acolhimento. O envolvimento das crianças na construção das regras e o diálogo constante sobre os impactos da tecnologia também são estratégias eficazes.

Daniel ressalta ainda a importância do exemplo dos adultos: “Uma família que prega o uso consciente das telas, mas janta olhando o celular, passa uma mensagem contraditória”. Segundo ele, quando os pais controlam seus próprios hábitos digitais, contribuem para que os filhos desenvolvam maior equilíbrio emocional e senso crítico.

O psicólogo conclui que não se trata de demonizar a tecnologia, mas de usá-la com equilíbrio. A presença afetiva, a rotina estruturada e os momentos de conexão real são fatores essenciais para garantir uma infância mais saudável — dentro e fora das telas.

Sobre Daniel

Daniel Monteiro é graduado em Teologia, Psicologia e licenciado em Filosofia, atualmente especializando-se em Psicologia Clínica.

Atua como Psicólogo Clínico, desenvolvendo um trabalho fundamentado em escuta qualificada, intervenções personalizadas através da análise. Além da prática clínica, serve como Educador Religioso na Igreja Batista do Parque Safira, onde integra fé, ética e cuidado pastoral.

Palestrante nas áreas de formação, contribuindo com reflexões sobre saúde emocional, espiritualidade e desenvolvimento humano.

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